Posted By on Set 21, 2019

ILUMINAR – as ideias que iluminaram o projecto pombalino

EMACO


ILUMINAR – as ideias que iluminaram o projecto pombalino

Numa parceria com a Câmara Municipal de Oeiras, está a Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras a dar início, já no próximo dia 26 de Setembro de 2019, a um ambicioso quanto estimulante projecto.

Todas as palestras, bem como o concerto (aprazado para 30 de Setembro de 2019), terão lugar no Salão Nobre do Palácio do Marquês de Pombal, pelas 21h30. As palestras ocorrerão sempre às quintas-feiras.

Recorrendo ao anúncio oficial desta importante iniciativa para o concelho de Oeiras, respigamos:

«O Município de Oeiras, em parceria com a Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras, promove um programa que tem como propósito trazer a debate e reflexão o pensamento político-filosófico que norteou a ação do Marquês de Pombal, bem como o ideário das luzes em Portugal, a que demos o nome de ILUMINAR.

Com este intuito, um conjunto diversificado de palestras, com coordenação científica de Pedro Calafate, permitirá reunir um leque de excelência de reconhecidos investigadores que promete, seguramente, estimular a discussão e contribuir para a construção do conhecimento sobre uma matéria tão apaixonante e actual.

É nossa convicção que esta é uma oportunidade ímpar para a consolidação da identidade de Oeiras.»

A programação, que se estende a 2020, é rica e variada. Dela constam dois ciclos de palestras, um concerto, um teatro e um colóquio de encerramento:

Assim, a primeira palestra terá lugar, como ficou dito, já no próximo dia 26 de Setembro de 2019, pelas 21h30, e contará como palestrante o coordenador científico do projecto, Professor Pedro Calafate, com assistência e moderação de Joaquim Boiça.

Logo depois, no dia 30 de Setembro (segunda feira), também no salão nobre e com início às 21h30, integrando a programação geral do ILUMINAR, terá lugar um concerto pelo Ensemble Trisonante, que passamos a anunciar:

Dados complementares e documentais dos participantes:

PEDRO CALAFATE – Nota Curricular:

Nota curricular

Professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Departamento de Filosofia). Licenciado em História (1981), doutorou-se em Filosofia (1994), com uma tese sobre A Ideia de Natureza no Século XVIII em Portugal (Lisboa: Imprensa Nacional-CM, 1994).

Tem desenvolvido a sua atividade na área de especialização de Filosofia e Cultura em Portugal, com extensão ao pensamento ibero-americano.

Foi professor convidado em várias Universidades nacionais e estrangeiras e em termos bibliográficos destaca-se a direção da História do Pensamento Filosófico Português (Lisboa: Caminho, 1999-2004, 5 volumes), da coletânea Portugal como Problema (Lisboa: FLAD, 2006, 4 volumes), da obra A Escola Ibérica da Paz nas Universidades de Coimbra e Évora (Coimbra: Almedina, 2015, 2 volumes), tendo ainda co-dirigido a edição da Obra Completa do Padre António Vieira (Lisboa: Círculo de Leitores, 2013-2015, 30 volumes; São Paulo: Loyola, 2015-2017).

Assinalam-se ainda os seus livros: Metamorfoses da Palavra. Estudos sobre o Pensamento Português e Brasileiro (Lisboa: IN-CM, 1998) e Da Origem Popular do Poder ao Direito de Resistência: Doutrinas Políticas no Século XVII em Portugal (Lisboa: Esfera do Caos, 2012).

Mais recentemente publicou o livro Portugal um Perfil Histórico (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2016). Atualmente é co-diretor da Obra Completa Pombalina, em elaboração e financiada, entre outras instituições, pela Câmara Municipal de Oeiras.

ENSEMBLE TRISONANTE

O Ensemble Trisonante —Três timbres que se fundem num só. Três músicos que trazem a essência da música de câmara às salas de concertos, através de uma das mais clássicas formações existentes – o trio de piano.

Os membros do Ensemble Trisonante são artistas apaixonados. Os seus «leitmotifs» são clareza, naturalidade e estrutura na forma, mantendo igual intensidade e honestidade na expressão e emoção. Os músicos atribuem grande importância a interpretações historicamente precisas e são inspirados pelo som de instrumentos de época. O conjunto define-se pelos seus muitos anos de experiência com uma grande variedade de agrupamentos, como orquestra sinfónica, quarteto de cordas e música de câmara com instrumentos de sopro e cantores.

A base para a fundação deste Ensemble foi criada na Universidade de Música e Arte Dramática de Viena, onde foram estabelecidas as suas ideias musicais e exigências técnicas.

Os trios de Doderer, Schubert e Shostakovich – a que iremos assistir – são obras que, para além de possuírem uma óbvia individualidade estilística, representam o vasto conhecimento destes três compositores do mundo musical e das épocas em que foram criadas.

São perfeitos exemplos de testamentos musicais que oferecem visões muito pessoais e profundas, tanto ao intérprete como ao ouvinte.

O Ensemble Trisonante é constituído por:

Luís Morais, Violino (dados biográficos em https://www.cnc.pt/luis-morais/ )

Cecilia Sipos, Violoncelo (dados em http://www.ceciliasipos.com/biography-english.html)

Christina Leeb-Grill, Piano (dados em http://www.leeb-grill.info/leeb/Frames/english.htm )

Do Professor Pedro Calafate, apresentamos, ainda, a nota-esclarecimento que se segue:

Pedro Calafate

O Marquês de Pombal e a Filosofia das Luzes em Portugal

Esta primeira conferência tem um propósito de introdução geral, abrindo caminho para ulteriores aprofundamentos, assinalados no programa deste ciclo. Assim, daremos especial enfoque ao propósito reformador que, sob a tutela de Pombal, abrangeu praticamente todos os domínios da vida da sociedade portuguesa, no quadro de um conceito de filosofia que abarcava o conjunto dos saberes elaborados pela razão: a delimitação da esfera de ação da Igreja e do Estado, laicizando a sociedade e confinando a Igreja aos assuntos espirituais, entendidos em sentido tão restrito quanto possível; a negação da tese do poder indireto do papa sobre as coisas temporais em ordem ao fim espiritual; a origem, natureza e finalidade do poder civil; a relação entre o direito natural e o direito positivo; a noção de iluminismo católico marcado pela crítica ao ateísmo e ao deísmo; a relação entre a ética racional e a moral revelada; a valorização da religião natural a par da afirmação da sua insuficiência; a harmonia entre a ciência e a religião a par da defesa da autonomia da investigação científica perante as «verdades físicas da Escritura»; a transformação do ensino numa questão de Estado, pela criação das Aulas Régias e pela reforma da Universidade de Coimbra; a reforma da pedagogia, pela imposição do conceito de método sintético, identificado com a ordem natural da razão na transmissão de conteúdos de ensino e na sua receção pelos alunos (o «verdadeiro método de estudar»); a extensão deste conceito de ordem natural dos pensamentos ao de ordem natural das palavras, abrindo-se ao ideal racionalista da linguagem, com expressão na polémica em torno do ensino das línguas (sobretudo do latim); a valorização da performatividade científica pela via sensista de Locke e do matematismo experimental de Newton; o ideal de recuperação do Humanismo renascentista a par do valor cultural atribuído às línguas antigas (latim, grego e hebraico); os padrões do gosto, numa das mais relevantes disciplinas da época: a Retórica, entendida como arte de colocar os homens ao dispor das palavras, dispondo tantas vezes das palavras sem as coisas; a caracterização das doutrinas económicas; finalmente, a conceção pragmática e valorativa da história da Humanidade, em geral, e do País, em particular.

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