Manuel Alegre durante os seus estudos secundários no Porto, fundou com José Augusto Seabra, o jornal Prelúdio. Do Liceu Alexandre Herculano, do Porto, passou a Coimbra, e aí foi estudante de Direito. Foi um elemento activo dos movimentos estudantis, fez parte da Comissão da Academia que apoiou a candidatura de Humberto Delgado a presidente da República; foi um dos fundadores do Centro de Iniciação Teatral da Universidade de Coimbra (CITAC) e membro do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), foi ainda director do jornal A Briosa, redactor da revista Vértice e colaborador da Via Latina; praticante de natação, representou a Académica em provas internacionais. Foi o primeiro português a receber o diploma de membro honorário do Conselho da Europa. Das várias condecorações destacam-se a Grã Cruz da Ordem da Liberdade (Portugal), a Comenda da Ordem de Isabel a Católica (Espanha) e a Medalha de Mérito do Conselho da Europa. Como poeta, destaca-se na participação em colectâneas Poemas Livres (1963-1965), publicadas em Coimbra. O reconhecimento dos seus leitores e da crítica nasce com os seus dois volumes de poemas, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967), apreendidos pelas autoridades, mas com grande circulação nos meios intelectuais. Tendo por base temática a resistência ao regime, o exílio, a guerra de África, a poesia de Manuel Alegre evoluiria num registo épico e lírico que bebe muito em Camões e numa escrita rítmica e melódica que pede ser recitada ou musicada. Daí ser tido como o poeta português mais musicado e cantado, e não só em Portugal, mas também, por exemplo, na Galiza (Grupo «Fuxan Os Ventos») e na Inglaterra (Tony Haynes, BBC). Daí Urbano Tavares Rodrigues: «Os dois grandes veios que alimentam a poesia de Manuel Alegre, o épico e o lírico, confluem numa irreprimível vocação órfica que dele faz o mais musical (e o mais cantável) dos poetas portugueses contemporâneos.».
Assista em directo a esta conversa promovida pela Camara Municipal de Oeiras e produzida por The Book Company. A Espaço e Memória é parceira deste evento pelo que pode assistir ao mesmo na página de Facebook da Espaço e Memória em:
Um excerto do poema Operário em Construção, de Vinícius de Morais:
Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as asas Que lhe brotavam da mão. (…)
Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia À mesa, ao cortar o pão O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa – Garrafa, prato, facão Era ele quem fazia Ele, um humilde operário Um operário em construção. (…) O operário emocionado Olhou sua própria mão Sua rude mão de operário De operário em construção E olhando bem para ela Teve um segundo a impressão De que não havia no mundo Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro dessa compreensão Desse instante solitário Que, tal sua construção Cresceu também o operário Cresceu em alto e profundo Em largo e no coração (…) E em cada coisa que via Misteriosamente havia A marca de sua mão. (…) Agigantou-se a razão De um homem pobre e esquecido Razão porém que fizera Em operário construido O operário em construção
Numa iniciativa especialmente dirigida à comunidade escolar do concelho de Oeiras, a Associação Desenhando Sonhos levou a efeito uma série de acções de divulgação e comemoração do 25 de Abril de 1974.
A Espaço e Memória, louvando a iniciativa, associou-se à mesma, disponibilizando imagens e textos que foram por nós publicados neste nosso espaço, bem como colaborando directamente numa das sessões levadas a efeito, em 29 de Abril, através da participação de Jorge Castro e com a leitura de poemas alusivos.
Veja a apresentação criada pela Desenhando Sonhos com as imagens e textos, da autoria de Jorge Castro:
Porque é Abril e, nele, o dia 25, aqui vos deixo uma imagem alegórica que o meu filho Alexandre criou a partir de fotografias minhas obtidas nesse dia, em 1974.
Imagem a imagem, é por Abril que vamos.
Foi pela força das armas, não o esqueçamos, que Abril de 1974 aconteceu.
Mas pela força das armas que, a começar pelo Movimento dos Capitães, culminando na incondicional adesão popular, soubemos todos temperá-la com a candura de um cravo.
E, assim, esse momento inspirador e único deu novos mundos ao mundo.
Do meu livro «Abril – Um Modo de Ser», o poema «Abril, sempre!»:
ABRIL, SEMPRE!
na dolência de nos quedarmos tão sós na cadência sincopada de agonias contra quanto de tão vil afoga a voz na premência da urgência de outros dias não te esqueças desse grito com que alarmas o presente e o futuro que querias pois o Abril das quimeras e utopias esse Abril rima bem com povo em armas.
Para quem traz Abril no peito, podem ouvir o meu poema de 2021 aqui:
Do meu livro Abril – Um Modo de Ser, um excerto do poema Não era nada, quase nada, e era Abril:
(…) e houve um santo e uma senha na alvorada a erguerem-se numa só feitas à estrada as vontades de ser livre e ser inteiro a rasgarem entre o denso nevoeiro o alvor a alegria a liberdade e mostraram ao país outra verdade
Lisboa, 25 de Abril de 1974
Do meu livro Abril – Um Modo de Ser, excertos do poema Era um tempo feito de verde infinito:
era um tempo feito de verde-infinito era um tempo de água parda e neblinas era um tempo de silêncios sem notícias que ondulava sem carícias contra o cais
era um tempo sem flores ou voo de aves era um tempo inventado sem jamais era um tempo sem o azul das maresias e amarras que prendiam desiguais (…) mas no âmago mais fundo que nos resta nesse dia que que nasceu como os demais o verde e o azul do mar estão em festa e amarras nunca mais – oh nunca mais!…
Lisboa, 25 de Abril de 1974
Do meu livro Abril – Um Modo de Ser, excertos do poema A Cor de Abril: (…) uma vontade a crescer no peito que se deslassa crescendo em nós sem se ver mas vermos que nos abraça
pressentindo em modo vário que ao sermos um povo unido nos fica o medo vencido e nós um mar solidário.
NOTA – O livro, de minha autoria, Abril – Um Modo de Ser contou com o apoio da Associação 25 de Abril e da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras
2025-03-16 - Pela mão da nossa associada Ana T. Freitas: - Março mês do renascer. E vamos. No próximo dia 16 de Março, às 15h, vai acontecer a sessão de poesia sobre o tema a realização da mulher na adversidade, na Galeria do Mercado Municipal de Coruche.
De 2025-03-08 a 2025-033-13 - de Ana Camilo a Exposição Individual Forgotten Landscapes no Centro Cultural do Bom Sucesso, em Alverca do Ribatejo.
A Autora estará presente para vos receber no sábado, dia 8 de Março, a partir das 16h00.
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