Homenagem a
Adriano Correia de Oliveira
A MAPA e a Espaço e Memória celebraram, no passado dia 27 de Novembro, em Oeiras, Adriano Correia de Oliveira, pelas mãos e sentires de João Paulo Oliveira e Jorge Castro.
No auditório da Casa da Malta muito confortavelmente preenchido, teve, então, lugar mais essa homenagem… porque nunca serão demais. E tal como encerra o texto de Samuel Quedas que foi apresentado também nesta celebração, diremos: Que viva o Adriano! Sempre!




A pedido, aqui se publica o poema da autoria de Jorge Castro e dedicado a Adriano, com que foi encerrada a sessão:
ao Adriano
não sei cantar para ti como cantaste
numa noite coimbrã de fogo aceso
corações eles foram tantos os que tocaste
tal o meu também voando estando preso
vens de um tempo de afrontas sufocadas
de grilhões prendendo mãos e pensamento
nesse tempo em que ao som de guitarradas
descobrimos ser tão livres como o vento
era um tempo de combate e as duras pedras
já cantavam na tão velha escadaria
era negra-negra a noite e as capas negras
mas em cada olhar a esperança renascia
na denúncia do algoz soltando amarras
como arauto no combate à força bruta
a tua voz na plangência das guitarras
ia unindo a alma e o corpo à mesma luta
era de Maio a cor que então cantavas
ou de Abril naquele Inverno descontente
e o calor de rubras flores com que voavas
era o azul de um novo céu de nova gente
eram cores e sons de Abril que já trazias
num assombro de poesias perturbadas
e cantavas naus giestas e alegrias
que fazias ser em nós gume de espadas
à razão deste voz que não se guarda
pressentindo um pulsar que se inquieta
foste o canto a arma e a mão que não se atarda
o percurso firme e tenso de uma seta
ao canto deste a vida e foste esperança
conjugaste em tom diverso o verbo dar
e adivinho o Adriano na criança
que ali corre vida fora junto ao mar
porque somos apenas de terra e barro
já partiste irmão maior mas entretanto
se nas cinzas se amortalha o teu cigarro
fica em nós presente o grito do teu canto.
- Jorge Castro
(Fotografias de Lourdes Calmeiro)
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