Divulgamos um muito interessante artigo, da autoria do Professor José d’Encarnação (19 de Março, 2023: https://duaslinhas.pt/2023/03/o-casal-saloio-de-cascais/), referente à recente inauguração, no Outeiro de Polima, concelho de Cascais, de um espaço museológico dedicado a uma realidade matricial de toda esta região envolvente de Lisboa – a comunidade saloia, seus usos e costumes – que se vai, inexoravelmente, perdendo.
Não seria do maior interesse que este exemplo frutificasse, também, em Oeiras?
O CASAL SALOIO DE CASCAIS
Ameaçara chuva, mas, afinal, o tempo aguentou-se e foi possível fazer a cerimónia no pátio lajeado do casal, de alfarrobeira ao meio, a lembrar as gentes de fora. O calor entusiasmado dos presentes aqueceu muitos corações!
Nem sequer os responsáveis camarários esperariam tamanha afluência, tamanho entusiasmo. É que a revitalização do casal saloio de Outeiro de Polima, além de ser uma aspiração geral, muito tinha a dizer a esta população do interior do concelho de Cascais. Revia-se ali, naquelas paredes, naqueles objectos, naquela reconstituída vivência – que fora a sua na juventude, que fora a de seus pais e avós.Muitas alfaias, muitas fotografias. Num desafio: «Olha, esta é a Maria!», «Olha, isto é em Manique!», «Olha, esta era a foice que a gente usava!».Disse o presidente da Junta que se concretizara um sonho; disse o director municipal da Cultura que se concretizara um sonho; repetiu-o o Presidente da Município.
Era bem visível a alegria de todos e o Director do Departamento do Património, Doutor João Miguel Henriques, não hesitou em enumerar quantos tinham contribuído para que o sonho se tornasse realidade. De facto, a obra resultou do empenhamento de uma vasta equipa, só possível porque todos sentiam estar a contribuir para dar vida a uma aspiração, a consolidar uma memória.
Insistiu-se: Cascais não é só o litoral, é também a região saloia, cujos habitantes – para além, agora, dos muitos imigrantes vindos das mais variadas zonas de todo o Portugal – descendem dos que, no tempo dos Árabes, cultivavam a terra para abastecer de alimentos a cidade de Lisboa. Um orgulho, afinal!
Vale a pena visitar com tempo todas e cada uma das dependências, dotadas de um projecto museológico digno. No final do percurso, depois do mundo agrícola, do mundo do trabalho da pedra, da cozinha, passa-se pela antecâmara que dá acesso à escada para o quarto de dormir, no 2º piso. Invocam-se as entidades proporcionadoras de um sono bom; imagina-se a noite, desce-se pela escada exterior e baixa-se a cabeça para espreitar o curral, onde outras maravilhas inesperadas se deixam admirar também.
De algo de muito importante agora se tomou consciência: a possibilidade de se recolherem alfaias em desuso, fotografias antigas. Que o Povo agora vê que esses objectos, aparentemente sem interesse e porventura destinados ao lixo, constituem memórias a preservar, estão cheios de histórias por contar. Aos netos e, também, para quem tem vivido em artificiais meios urbanos e nem sabe distinguir uma espiga de trigo da de cevada!
– No próximo dia 02 de Abril, domingo, às 10H30, a Espaço e Memória, com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, efectuará uma visita orientada ao Jardim do Palácio Marquês de Pombal: recantos e terraços ajardinados, pátio das Araucárias, escadarias nobres, artes decorativas associadas, jardim recriado de Ribeiro Telles, Jardim das 4 Estações e Adega, com José Meco, e Cascata dos Poetas, com Fátima Barros.
Local de encontro: entrada do Palácio Marquês de Pombal.
Divulgamos aos nossos Associados esta iniciativa que conta com a participação de Margarida Magalhães Ramalho e de Joaquim Boiça e que reputamos do maior interesse.
Texto de divulgação da autoria do moderador, João Aníbal Henriques:
«Caros amigos, académicos e cascalenses,
Na noite do próximo dia 30 de Novembro (Quarta-feira), às 21h00, estarei na Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, no final do Passeio Maria Pia (Clube Naval), em Cascais, para moderar uma conversa extraordinária entre a Margarida Magalhães Ramalho e o Joaquim Boiça sobre as origens daquela mítica (e mística) fortificação de Cascais.
A noite, evocando o monstrengo que Fernando Pessoa eternizou na sua “Mensagem”, recupera a ideia de um Portugal por cumprir que os laivos da madrugada de 1 de Dezembro fizeram despertar. Porque a antemanhã é um instante fugaz, pleno e total. Aquela parcela de um mero segundo quando a noite já não existe mas em que o dia tarda em chegar… Um pedaço de tempo que Santo Agostinho diz não pertencer ao passado, nem ao presente e nem ao futuro. Eterno, enfim… Porque total.
Depois da conversa teremos visitas guiadas à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz e à vetusta Torre de Santo António de Cascais. Os monumentos mais antigo construídos na nossa vila mas que são infelizmente muito poucos os Cascalenses que tiveram a oportunidade de visitar.
E em fundo, a enquadrar em harmonia os ecos dos passos que ainda por ali se ouvem daqueles que neste lugar nos precederam, a voz inesquecível da fadista Deolinda, ao ritmo de uma viola de fado e dos acordes únicos de uma guitarra portuguesa.
Porque o Cascais que vivemos tem o aroma, a cor e o som que nos enche a Alma!
A entrada é gratuita e não é preciso marcação. Basta chegar, entrar e regressar a casa com uma memória daquelas que passam a fazer parte desta vida que urge despertar!
Até porque, “[…] o som na treva de ele rodar; Faz mau o sono, triste o sonhar; Rodou e foi-se o mostrengo servo; Que seu senhor veio aqui buscar. Que veio aqui seu senhor chamar – Chamar Aquele que está dormindo; E foi outrora Senhor do Mar”…
Decorreu, no passado dia 17 de Outubro, no Salão Nobre do Palácio do Marquês, em Oeiras, e com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, o debate de encerramento dos «XVI Diálogos em Noites de Verão», com o tema Em torno da valorização histórica e patrimonial de Oeiras – um Museu para Oeiras?, com moderação de Joaquim Boiça e as participações de José Meco, Rodrigo Dias, Guilherme Cardoso, Célia Florêncio e Fátima Barros.
Registou-se um animado debate sobre este relevante tema com a participação, também, de vários elementos da assistência.
No próximo dia 11 de Junho (sábado), pelas 11 horas, iremos visitar a Igreja de São Romão de Carnaxide, acompanhados por José Meco que nos proporcionará uma visita guiada àquele edifício. A entrada é livre e sugere-se, como ponto de encontro, o Fontanário e Jardim junto da Igreja, a partir das 10h30.
A Igreja de São Romão é um dos edifícios religiosos mais destacados do Concelho de Oeiras, pelo seu carácter arquitectónico e pela qualidade da sua decoração. O templo estava completamente arruinado nos meados do século XVII, e a reconstrução total já estava iniciada em 1676, reflectindo-se num edifício ainda com características maneiristas, de grande severidade e robustez, no qual já despontam elementos barrocos, como na porta da frontaria, desenvolvidos na decoração interior. A nave ficou terminada em 1683, data do belíssimo, revestimento integral de azulejaria de padrão pintada a azul sobre branco, no género o mais monumental existente em Portugal, formando três andares de módulos distintos, perfeitamente integrado na arquitectura. São do mesmo período os dois altares colaterais à capela-mor e um lateral da nave, de talha dourada barroca, de “Estilo Nacional”. A capela-mor, sacristia e corredor de acesso ficaram terminados em 1713. Desta obra destacam-se os azulejos figurativos de estilo barroco, nomeadamente os magníficos painéis da capela-mor, com cenas bíblicas do “Filho Pródigo”, pintados pelo chamado “Mestre P.M.P.”. Deste mesmo artista são os restos de silhares da sacristia, que estavam escondido por detrás de armários e foram recentemente recuperados. O corredor de acesso, para além do interessante lavabo de mármore, apresenta outro excelente conjunto de painéis de azulejos, do mesmo período, representado cenas das “Metamorfoses de Ovídio”, atribuíveis ao pintor Teotónio dos Santos, baseados em gravuras do pintor holandês Crispin de Passe, publicadas em 1602. Os estrados causados pelo Terramoto de 1755 foram prontamente recuperados pela população, com apoio do rei D. José I, através da empenho do Sargento-mor Pedro Teixeira e outros habitantes destacados de Carnaxide (que também contribuíram para a construção do Aqueduto e do Fontanário de Carnaxide), incluindo o remate da fachada e a construção do coro-alto, juntamente com os painéis de azulejos rococós da entrada (sub-coro) e da Capela Baptismal, e a renovação da capela lateral de Nossa Senhora da Conceição. Outras obras, de estilo neoclássica, foram realizadas em 1806 na capela-mor, incluindo a pintura decorativa das paredes e da abóbada, e o excelente retábulo de talha dourada e marmoreada. O restauro integral da Igreja de São Romão de Carnaxide, terminado em abril do corrente ano, e que muito valorizou este notável templo, foi integralmente patrocinado pela Câmara Municipal de Oeiras.
José Meco
Algumas imagens:
Fontanário e IgrejaChafarizIgreja – fachadaPortalAspecto interiorNaveRevestimento da naveCapela-mor e altares colaterais
2025-05-11 - Como sempre, sob a égide de Ana T. Freitas, a próxima sessão de um poema na vila, em Coruche:
Maio, mês das flores. E desejamo-lo promissor. Tal como o nosso tema a poesia no amor para a próxima sessão de um poema na vila, que vai acontecer no próximo dia 11 de Maio, às 15h, na Galeria do Mercado Municipal de Coruche. Contamos consigo.
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