Património


Com a devida vénia e por ser do maior interesse, transcrevemos a notícia divulgada por OLHARES DE LISBOA (https://olharesdelisboa.pt/camara-de-oeiras-ja-e-dona-do-convento-da-cartuxa/) referente ao envolvimento da Câmara Municipal de Oeiras na recuperação do Convento da Cartuxa.

Será de relembrar, a este propósito, o empenho também da Espaço e Memória na chamada de atenção para a Cartuxa e a necessidade da sua preservação e valorização patrimonial e de seu estudo histórico e artístico, patente no Colóquio e iniciativas realizadas por ocasião dos 400 anos da Cartuxa de Laveiras (em 2014) e os estudos publicados no n.º 2 da nossa Revista – que relembraremos aqui, a breve trecho.

Eis o artigo:

«O antigo convento em Caxias vai ser transformado em centro de arte contemporânea, com residências para artistas, anunciou o presidente da Câmara de Oeiras, durante a cerimónia de cedência do convento da Cartuxa. A ministra da Justiça considerou que este ato é exemplar da coordenação entre o poder central e local.
Finalmente, após vários anos em que a Câmara Municipal de Oeiras tem manifestado, reiterada e sucessivamente, a sua preocupação pelo estado de degradação e abandono em que se encontra o conjunto edificado da Igreja, Convento da Cartuxa e construções dependentes, bem como das suas áreas verdes, foi hoje assinado o protocolo de cedência deste património histórico à Câmara de Oeiras.
De facto, a assinatura do auto de cedência aconteceu esta manhã na Igreja da Cartuxa, em Caxias, com a presença da Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem. Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, que aproveitou a presença de uma ministra para dizer que as Câmaras são capazes de gerir o património do Estado, anunciou que o Município vai investir cerca de 7,5 milhões de euros na recuperação integral daquele património abandonado pelo Estado há 30 anos.

A Câmara de Oeiras, recorde-se, chegou a acordo com Estado, em meados de dezembro, para reabilitar o Convento da Cartuxa, numa concessão de 42 anos e um investimento que ronda os 7,5 milhões de euros. O objetivo é dar a dignidade merecida àquele conjunto patrimonial histórico e colocá-lo à fruição pública.
Apontando esta quarta-feira como «um dia de júbilo», porque a Câmara de Oeiras já tem oficialmente as chaves do antigo convento e da quinta, e elogiando Francisca Van Dunem por ter tomado este «ato político de extrema relevância», Isaltino Morais considerou que «não é admissível que este património tenha estado aqui abandonado durante 30 anos».

O acordo agora assinado entre a câmara, a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças e o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos de Justiça prevê a transferência dos 12,4 hectares da antiga Cartuxa para o município por um período de 42 anos, o que levou o autarca a questionar a ministra. «Porque é que não é sem prazo?», insurgiu-se Isaltino, salientando que «isto diz muito da organização do Estado. Ainda há alguma desconfiança do Estado central em relação ao Estado local».

A ministra, que tomou a palavra a seguir ao autarca, fez questão de salientar que «o processo agora selado é exemplar da coordenação virtuosa entre o poder central e local», balizando as responsabilidades futuras: «Fica nas mãos da autarquia a que V. Exa. preside este lugar, que foi e é um lugar de culto, de revolução educativa, de cultura. Que a Câmara de Oeiras cultive e desenvolva este espaço como o espaço merece.»
A ministra lembrou que o antigo convento ficou abandonado a seguir à expulsão das ordens religiosas, em 1834, e que durante o século XX foi sobretudo usado como reformatório, onde se promoveu «uma revolução educativa» que deixou marcas no sistema penal português, salientando que o responsável, a partir de 1903, pela antiga Escola de Correção de Caxias, instalada no Convento, o padre António de Oliveira, foi um dos pais da «lei da proteção de menores», que deu origem ao atual Tribunal de Menores.

O Convento da Cartuxa em Oeiras e o de Évora são os únicos conventos cartuxos portugueses. O que fica no concelho, foi fundado no séc. XVII. O primeiro templo terá sido destruído quando foi feita a ampliação do convento em 1736. A igreja, com fachada de calcário, abre para uma missa aos domingos ao meio-dia.
Com mais de 400 anos de história, o Convento da Cartuxa está devoluto há vários anos, à exceção da igreja desenhada por Carlos Mardel no século XVIII, lamentou a ministra Francisca Van Dunem, adiantando que esta Quinta «constitui um importante património histórico, cultural, arquitetónico e paisagístico, de valor inestimável».
A Quinta da Cartuxa, refira-se, está localizada nas proximidades do Palácio da Quinta Real, em Caxias, e dela fazem parte o conjunto edificado do século XVII, que corresponde ao antigo Convento, Igreja, Claustro e dependências.

Ato de cultura


Do ponto de vista do presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, o acordo hoje firmado traduz-se num «ato de Cultura da maior relevância e que diz respeito a todo o país», porque é garante de que vamos cuidar para transportar este legado, esta História e esta Cultura para as próximas gerações», justificou.

Para o autarca, representa também um «ato político de extrema importância» e que permite «tirar algumas lições», nomeadamente sobre o Estado Central.
«Há que desburocratizar. É inadmissível que este património estivesse aqui abandonado por 30 anos», sustentou Isaltino Morais, lamentando que o Estado tenha deixado esquecer este património, mas reconhecendo este ato positivo, com elogios à Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que marcou presença na cerimónia.
Além do investimento na recuperação do património, o projeto previsto na reabilitação da Quinta da Cartuxa prevê a criação de um Centro de Arte Contemporânea, com um programa de atividades ligadas à Arte e que inclui uma residência para artistas. A pensar na candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura 2027, o antigo convento e as muitas dependências construídas ao longo dos anos servirão de casa a uma companhia de dança, terão auditórios e espaços multiusos, servirão para residências artísticas, exposições e espetáculos.

Obras no valor de 7,5 milhões

Os primeiros trabalhos têm um orçamento a rondar os 7,5 milhões de euros e destinam-se a recuperar o património edificado, quer a igreja setecentista desenhada por Carlos Mardel, quer as antigas celas conventuais e os dois claustros. Segue-se depois a sua transformação em pólo cultural, o que deverá ocorrer no prazo de quatro anos.
O presidente da Câmara Municipal de Oeiras associou ainda o momento de hoje à aquisição da Estação Agronómica, também cedido pelo Estado ao Município há pouco mais de um ano, como «alavancas determinantes» na candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura em 2027.

«Não sei se vamos ganhar, mas não tenho dúvidas que, agora com a posse da Quinta da Cartuxa e da Estação Agronómica, vamos ter a melhor candidatura do país», concluiu.Em dezembro de 2019, a autarquia tinha avançado que já haveria três propostas para uma concessão de 50 anos do Paço Real de Caxias. O Grupo Hotéis Turim ganhou a corrida e vai agora construir um hotel com 120 quartos, ficando a autarquia de Oeiras responsável pela manutenção e conservação do jardim, bem como da cascata e esculturas.
A assinatura deste Auto de Devolução e Cedência do Convento surge na sequência do interesse manifestado pelo município, que pretende utilizar o património para prolongar a zona de fruição pública que abrange os jardins adjacentes à Quinta Real de Caxias.

Com efeito, o Ministério da Justiça, em articulação com o Ministério das Finanças, «desenvolveram as diligências necessárias à definição das condições que vieram a consubstanciar-se no acordo agora celebrado, e nos termos do qual o conjunto patrimonial localizado na Quinta da Cartuxa é devolvido pelo Ministério da Justiça ao Estado e subsequentemente cedido ao Município de Oeiras pelo prazo de 42 anos», pode ainda ler-se.

De salientar que esta cedência, autorizada pelo Ministério das Finanças, tem como contrapartida a obrigação de realização pelo município de obras de requalificação e restauro, no valor de cerca de 7 milhões de euros. No final daquele prazo, o imóvel e todas as construções e benfeitorias revertem para o Estado.»

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Confinados que estamos, um passeio/exercício permite-se, para oxigenação física e mental. Venham, então, daí numa breve caminhada pela Estação Agronómica Nacional, em Oeiras, um pulmão/reduto que muito nos apraz percorrer… e onde mil ideias para outros tantos projectos nos são suscitados pela paisagem envolvente.

Um breve apontamento, apenas, das imensas potencialidades que este local nos desvenda e suscita.

Votos de boa saúde para todos.

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Artigo e imagens amavelmente cedidos pelo nosso associado Fernando Lopes

Na primeira foto observamos a fachada da Igreja (reconstrução pós terramoto de 1755) como que a espreitar a Quinta Real. Na segunda observamos, após limpeza camarária um “encanamento” de água, muito provavelmente proveniente da represa que os monges possuíam perto do Lugar de Laveiras e que continua ao longo da várzea sendo visível da Ponte da Cartuxa. Não obstante a regra ascética, a realeza filipina e de bragança era recebida no Mosteiro amiudadamente. Mesmo a entrada de damas era excepcionalmente permitida, o que implicava depois uma confissão do prior seguida de penitência. Afinal o Mosteiro precisava de doações, sempre insuficientes para manter o complexo monacal.

                                                                                                                               Fotografia 1
                                                                                                                                  Fotografia 2
                                                                                                                                                  Fotografia 3

A terceira imagem refere-se à Planta do encanamento da Quinta Real (disponível). Neste excerto pode-se observar-se o sentido do encanamento (a tracejado) que provém da represa assinala no mapa. Tive ocasião de notificar a CMO, de que foi tomada nota, da existência lajes, prováveis de vestígios da represa, perto da actual ponte de Laveiras. Esperemos que a recuperação da Cartuxa e da Quinta Real (nomeadamente no actual processo de limpeza) seja acompanhada por pessoal competente, nomeadamente arqueólogos, visto que o grande movimento de máquinas que se vem observando assim deve obrigar.

Fernando Lopes – 24 de Outubro de 2020

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Iremos dar início aos nossos habituais Diálogos… que, em 2020, serão em Tardes de Verão e Outono, no Auditório César Batalha, no Alto da Barra, em Oeiras e contam com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras. 

O Programa tem por mote temático Oeiras, Aspectos Históricos, Artísticos e Literários e as sessões irão ter lugar aos sábados, a partir das 15h30, entre 5 de Setembro e 10 de Outubro.

Deverão, evidentemente, ser respeitadas as regras emanadas da DGS e as orientações da Câmara Municipal de Oeiras, com a lotação regulada pela utilização de sensivelmente 1/3 da capacidade do Auditório. Para controlo, bom funcionamento e respeito pelas normas será indispensável a pré-inscrição nas diferentes palestras/conferências, o que deverá ser feito através de geral@espacoememoria.org.

Junta-se o respectivo programa, que poderá ser alterado por razões de força maior:

Cá vos esperamos!

NOTA – O quadro acima é a sua segunda versão, já incluindo a alteração da sessão com Joaquim Boiça de 19 para 20 de Setembro, por imperativos camarários inadiáveis.

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Visitas orientadas pelo Professor José Meco

Com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, vai a Espaço e Memória dar início a uma série de visitas subordinadas ao tema geral Património Histórico de Oeiras e dirigidas prioritariamente aos nossos associados.

As primeiras duas visitas, serão repetidas alternadamente nas semanas seguintes para dar azo a que participem mais interessados e seguirão o seguinte calendário:

  • Dia 22 de Agosto, às 11 horas – a data inicialmente prevista de dia 15 passou para dia 22 de Agosto -, com ponto de encontro na entrada do Palácio do Egipto – Oeiras:

EXPOSIÇÃO – Nossa Senhora da Purificação – do Culto à Memória

As entradas estão limitadas ao número máximo de 15 visitantes, pelo que carecem de inscrição prévia, que deverá ser efectuada através de geral@espacoememoria.org

  • Dia 20 de Agosto, às 10h30, com ponto de encontro no jardim junto à capela de Santo Amaro – Oeiras

ALTO DE SANTO AMARO – História Urbana

A visita está limitadas ao número máximo de 20 visitantes, pelo que carecem de inscrição prévia, que deverá ser efectuada através de geral@espacoememoria.org

  • Dia 27 de Agosto, às 11 horas, com ponto de encontro na entrada do Palácio do Egipto – Oeiras:

EXPOSIÇÃO – Nossa Senhora da Purificação – do Culto à Memória

As entradas estão limitadas ao número máximo de 15 visitantes, pelo que carecem de inscrição prévia, que deverá ser efectuada através de geral@espacoememoria.org

  • Dia 03 de Setembro, às 10h30, com ponto de encontro no jardim junto à capela de Santo Amaro – Oeiras

ALTO DE SANTO AMARO – História Urbana

A visita está limitadas ao número máximo de 20 visitantes, pelo que carecem de inscrição prévia, que deverá ser efectuada através de geral@espacoememoria.org

Contamos convosco e ficamos a aguardar as vossas inscrições.

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Texto e imagens da autoria de Guilherme Cardoso

Foi no 1º de Maio de 1982 que, ao olharmos para uma parede onde estavam alinhadas diversas salgadeiras lavradas em pedra calcária que divisámos o sarcófago de arenito do Arneiro (Carcavelos). Serviam todas de bebedouro a um rebanho de cabras e ovelhas, existente na localidade.
Apresentava-se um pouco esbotenado nos bordos devido à relha do arado quando passava sobre ele durante lavra do terreno. O seu proprietário disse-nos que o encontrou no terreno a sul do Largo do Chafariz, actualmente a poente da Igreja de São José.
Era na verdade o segundo que encontrávamos em Cascais. Desta vez em dia feriado (era à época fotógrafo e aproveitando o dia de descanso fui tirar fotografias e fazer prospecção arqueológica para as freguesias de Carcavelos e de São Domingos de Rana). Fazíamos então o levantamento de todas as terras do concelho de Cascais, acompanhados nesse dia pelo amigo Carlos Teixeira, antigo redactor do Jornal da Costa do Sol.
Desse trabalho resultaram três livros, de coautoria com Jorge Miranda e Carlos A. Teixeira. O primeiro a ser publicado foi o “Registo Fotográfico de Carcavelos e Alguns Apontamentos Histórico-Administrativos, publicado pela C.M.C., de 1988. Mais tarde saiu o da Freguesia de São Domingos de Rana, 2003, publicado pela própria Junta de Freguesia de São Domingos de Rana e por último o de Alcabideche, em 2009, publicado pela Junta de Freguesia de Alcabideche.
Voltando aos sarcófagos. O primeiro que encontrámos foi durante um dia de Verão de 1975, quando estávamos a escavar a Necrópole de Talaíde, com João Luís Cardoso. Devido a um acto de irresponsabilidade por parte dos promotores da urbanização decidiram rebaixar com uma retro-escavadora uma área por escavar do sítio arqueológico. Tínhamos informado dias antes, em desabafo, que naquele ano não tínhamos tempo de concluir a escavação da necrópole por termos verificado que se estendia mais para nascente e que segundo a nossa perspectiva seria para escavar no ano seguinte (diga-se que a escavação da necrópole foi toda realizada durante as nossas férias e às nossas custas). É mais que evidente que um dia quando lá chegámos a máquina tinha arraso tudo.
Quando observámos o fundo da zona da necrópole destruída verificámos que o que tinha ficado dos diversos enterramentos ali existentes era unicamente o fundo de um sarcófago de arenito que mais tarde deu entrada no Museu do Conde de Castro Guimarães.
Ora o que distingue o sarcófago da sepultura rupestre?
É simples, a sepultura rupestre está no sítio do afloramento rochoso onde foi aberta a cavidade, enquanto o sarcófago é esculpido num bloco o que possibilita que seja móvel podendo ser assente onde se pretende.
A datação destas peças é difícil, ambas não tinham no seu interior artefactos que as pudessem datar. No entanto, no caso de Talaíde, deve ser do mesmo período da necrópole ou seja de entre os séculos III e o IX d.C.
No caso do sarcófago do Arneiro, embora não se tenha localizado nenhuma necrópole da Antiguidade Tardia, foi escavada a cerca de 150 metros do local onde estava o sarcófago, um cemitério de época Islâmica, posterior ao século VIII. Será que ali perto teria existido um cemitério cristão entre os séculos V e o IX?
Sabermos da coexistência das duas comunidades religiosas na região saloia, era normal durante a administração Islâmica o que torna possível essa dedução.
Outra das curiosidades que existem em relação a este tipo de sepulturas é que a rocha de onde foram extraídos os blocos para lavrar os sarcófagos só existir a mais de 4 km, no caso do túmulo do Arneiro e a mais de 6 km, no caso de Talaíde. Ora quem mandou fazer uma peça daquele tamanho e transportá-la a uma considerável distância, teria que ser alguém de grandes posses. Encomendar um sarcófago para sepultar um defunto que muito amara não era para todos na época daí a raridade dos sarcófagos a que temos de juntar as questões das tradições e das convicções religiosas de quem encomendou o sarcófago.

Guilherme Cardoso (https://www.facebook.com/guilherme.cardoso1?epa=SEARCH_BOX)

13-07-2020

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