Autores


Inicialmente publicado no «Duas Linhas» e com a autorização do autor, apresentamos este texto do Professor José d’Encarnação, com um tema muito ligado à nossa recente viagem a Mértola e que, decerto, será do vosso agrado.

OS ROMANOS ENTRE NÓS

Há sempre uma surpresa ali à esquina

Impressionou-me – e já várias vezes o referi – a resposta que mui conceituado investigador me deu, quando dele me abeirei a solicitar sugestões para o estudo dos vestígios romanos em Cascais. Era eu um jovem universitário que, nesse ano lectivo de 1965-1966, ousara pensar na hipótese de fazer um trabalho prático para a cadeira de Arqueologia, uma síntese do que então se conhecia acerca do que os Romanos haviam deixado no território cascalense.

            – Mas sobre a arqueologia em Cascais está já tudo feito, menino!

Não afianço ter sido essa a frase e creio que ‘menino’ não era, não, termo que o senhor utilizasse. Fiquei ciente.

E dessa reunião na Pastelaria Versailles saí, como sói dizer-se, com o rabinho entre as pernas, desconsolado em parte, renitente, por outro lado, nessa vontade de ser teimoso. Fui. O meu professor também aceitou o repto e, afinal, lá consegui demonstrar que não, que havia ainda algo a descobrir.

Quando, no passado dia 12 deste mês de Maio do ano da graça de 2023, estive no Museu de Mértola, tanto eu como o catedrático com quem trabalhei na Universidade de Coimbra olhámos um para o outro e confessámos: «Há 30 anos, quem diria que ainda tanto havia para descobrir!…».

Mértola

E a confissão surgira já no dia anterior quando a doutora Inês Vaz Pinto mostrou o que encontrara em Tróia: uma sepultura romana com nichos laterais ocupados por oferendas ainda intactas! Quem o diria, após tantos anos de trabalhos arqueológicos neste que é um dos sítios arqueológicos há séculos conhecidos e estudados! Uma sepultura intacta e com essas características! «Inês», dissemos-lhe, «publica já essa maravilha!».

Maravilha outra foi a que se encontrou em Mértola. Já se deu a conhecer há tempos na Comunicação Social, mas nunca será de mais recordar que, assim aquase por desfastio, o pessoal do Campo Arqueológico de Mértola aceitou ir fazer sondagens de emergência numa casa que ia ser intervencionada. Nada de novo ali se encontraria, decerto, que muito já em Mértola se descobrira.

E o inesperado aconteceu: num buraco, há que séculos haviam escondido estátuas romanas?! Cortaram-lhes as cabeças, como era da praxe, partiram-lhes as pernas, não fossem elas ainda ganharem alma e fugirem, e botaram-nas prá cova!

De olhos esbugalhados, os arqueólogos nem queriam acreditar! E, na verdade, não havia motivo para menos!

Delas se apresenta aqui a imagem de uma, a mais vistosa, seguramente representando o imperador Augusto, o primeiro imperador romano, em seu faustoso traje militar! Tinha-se uma ideia de que imperador era imperador e gostava de se engalanar. Já tal se vira noutras representações. Mas vê-lo agora ressurgir aqui, assim, de farda cheia de baixos-relevos, qual general de agora de peito a impar de condecorações, era… milagre!

Por enquanto, ainda nem se ousou tocar-lhe, que só com todo o cuidado e muita sabedoria se há-de retirar a pátina de que se reveste o mármore de Estremoz / Vila Viçosa tantos séculos enterrado! Contudo, quando essa e as outras estátuas forem levantadas e, em glória, mostradas ao público, então se verá melhor o seu esplendor!

Se amiúde se recomenda «Nunca digas desta água não beberei!», também nas lides arqueológicas cada vez mais estamos conscientes de que jamais está tudo posto a descoberto!

  • José d’Encarnação
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Numa iniciativa a que a Espaço e Memória se associa e em que participa, estamos a divulgar a Exposição das ilustrações que integram o livro «Contos Para Serem Contados», da autoria do nosso associado Rogério Pereira, livro com primeira edição com a chancela da Espaço e Memória.

A exposição terá lugar nas Galerias do Alto da Barra (Oeiras) – ver mais informações no cartaz anexo – e conta com o apoio das Galerias Alto da Barra e da Câmara Municipal de Oeiras.

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Em mais uma iniciativa de divulgação junto da comunidade escolar, o nosso associado Rogério Pereira irá apresentar o seu livro «Contos para serem contados», na Escola Básica Manuel Beça Múrias, em Oeiras, no próximo dia 11 de Janeiro (quarta-feira), pelas 14 horas.

Programa:

1º – Abertura, feita pela Professora Luísa Madeira;

2º – Apresentação da Associação Desenhando Sonhos e do autor, pela Presidente da nossa Associação, Drª Olívia Matos;

3º – Leitura de um conto, ao estilo de quem conta, pelo representante da Espaço e Memória, editora da obra, Jorge Castro;

4º- Intervenção do autor que falará da sua obra como instrumento de fomentar a leitura e a escrita.

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Chegados à Escola e ao local onde se realizou o convívio, todos registámos com agrado que o livro de Rogério Pereira, já distribuído pelos alunos poucos dias antes, já tinha sido lido por quase todos.

E, depois da iniciativa realizada numa sala muito bem preenchida e com plateia atenta e muito participativa, algumas imagens da autoria de Lourdes Calmeiro:

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Dados biográficos e bibliográficos do autor:

Manuel Dias Duarte, nascido em Lisboa, em 1943, foi professor de Filosofia, tendo-se dedicado como Orientador de Estágio à formação de professores, na Escola Secundária Sebastião e Silva (Oeiras) e na Escola Secundária de Carcavelos.

Lecionou igualmente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no Instituto de Serviço Social e na Escola Superior de Educação Jean Piaget (Almada). Foi co-autor de manuais escolares para os 10º, 11º e 12º anos, na Texto Editores e na Didáctica Editora, de parceria com Manuel Peixe Dias.

Colaborou em jornais e revistas (desde os antigos República, A Capital e Diário de Lisboa ao O Professor, à Vértice, Revista de Humanidades e Tecnologias da Universidade Lusófona, etc.) com textos sobre pedagogia, filosofia e história da filosofia. Dirigiu a colecção Referências na Editora Vega. Pertenceu à Comissão Organizadora do Congresso da International Hegel Geselschaft, realizado, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1975. Bem como de dois Congressos sobre o Ensino da Filosofia, enquanto membro da Direcção da Sociedade Portuguesa de Filosofia.

Membro fundador da Sociedade Portuguesa de Filosofia, da Associação de Professores de Filosofia, sediada em Coimbra, e do Movimento dos Educadores para a Paz, presentemente é conferencista convidado e professor nas universidades séniores de Benfica (UNISBEN), UNIESTE (no Clube Estefânia) e da Junta de Freguesia de Alcântara.

PUBLICAÇÕES

No campo da Filosofia e da Pedagogia:
Objectivos, estratégias e avaliação no Secundário – o exemplo da Filosofia (Livros, Horizonte, 1983);
História da Filosofia em Portugal nas suas conexões políticas e sociais (Livros Horizonte, 1987);
História de Portucália. Uma História de Portugal no feminino (Editora Ausência, 2004, esgotado);
Os Sete Sábios. Vidas, doutrinas e sentenças (Nova Vega, 2006);
Vidas, opiniões e sentenças de pré-socráticos ilustres (Editora Fonte da Palavra, 2013);
Freud – psicanálise e cultura (Editora Fonte da Palavra, 2014);
Questões do marxismo (Editora Fonte da Palavra, 2014);
Mulheres com poder e autoridade. Contributos para a reintegração das mulheres na História (Editora Fonte da Palavra, Iº Volume, 2014; IIº e IIIº Volumes, Editora Fénix, 2015).

No campo da ficção:
Pedra da Lua (Editora Ausência, 1999, esgotado);
Semelhante à bondade da Primavera (Editora Ausência, 2002, esgotado);
Don Giovanni em Lisboa (Edições Cosmos, 2008);
Barco encalhado na areia (Editora Fonte da Palavra, 2011);

Angelina, uma mulher do povo na I República – Crónica de uma vida (Editora Fonte da Palavra, 2010);
O professor Simão Botelho (Fonte da Palavra, 2013);
Um outro Werther (Editora Fénix, 2015);
O primo Bazilio ou os dissolutos absolvidos (Editora Fénix, 2015).

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No próximo dia 29 de Outubro (sábado), com início às 17:30 horas, na nossa sede (na Rua dos Lagares da Quinta, Edifício da Casa da Malta – Oeiras) e contando com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, teremos, como convidada, Deana Barroqueiro (ver breve biografia no final deste artigo) e a sua saborosa (e premiada) História dos Paladares.

Excelente comunicadora, estamos certos de vos propor um final de sábado bem apaladado e de variados condimentos.

Uma nota: No final da sessão, teremos um jantar na companhia da autora, no restaurante O Pombalino (em Oeiras). Se estiver interessado em participar, por favor faça-nos chegar essa intenção através do geral@espacoememoria.org, sem falta até ao dia 26 de Outubro, atendendo à necessidade de assegurarmos a reserva.

Breve biografia da Autora:

Deana Barroqueiro nasceu nos Estados Unidos da América, em 1945, e emigrou para Portugal aos dois anos. Licenciou-se na Faculdade de Letras de Lisboa e foi professora de Língua e Literatura Portuguesa e Francesa, com muitos projectos de Teatro e de Escrita Criativa, com várias obras publicadas e um longo currículo de artigos e palestras sobre História e Cultura Portuguesa do Século XV ao XVIII, que estuda há mais de quatro décadas. Foi galardoada com o Prémio Femina 2021 pelo Estudo e divulgação da Cultura, História e Sociedade de Matriz Portuguesa no estrangeiro e na Lusofonia e recebeu o Prémio Grito de Mujer pela defesa dos direitos das mulheres.

Depois de aposentada, publicou uma colecção de sete romances de viagens e aventuras, Cruzeiro do Sul; os Contos Eróticos e os Novos Contos Eróticos do Velho Testamento, traduzido em Espanha, Itália e Brasil; os romances D. Sebastião e o Vidente, que recebeu o Prémio Máxima de Literatura 2007 – Prémio Especial do Júri, e 1640, sobre a Restauração da Monarquia Portuguesa; a trilogia sobre os Descobrimentos – O Navegador da Passagem, O Espião de D. João II e O Corsário dos Sete Mares – Fernão Mendes Pinto, que foi adaptado, por João Botelho, no filme Peregrinação (2017)

A sua obra mais recente é uma História dos Paladares em 3 volumes: I – Sedução, II – Perdição e III – Redenção, recebeu 4 primeiros prémios mundiais de Literatura Gastronómica:

 – Prix International de la Littérature Gastronomique 2021, da Académie Internationale de la Gastronomie (Paris);

– Gourmand World Cookbook Awards – History of Culinary;

– Gourmand World Cookbook Awards – Séries, no concurso dos países e regiões

– 1º Prémio dos Gourmand Best in the World Cookbook Awards – Series 2022 (O Melhor Livro de Literatura Gastronómica do Mundo de 2022, considerado o Óscar da Gastronomia Mundial, vencendo mais de 1550 obras de 227 países. Os prémios foram entregues por Edouard Cointreau numa cerimónia solene que teve lugar na Suécia, em 4 de Junho 2022.

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