Homenagem


Rui Capão Andrade


Posted By on Jul 1, 2023

É com profundo pesar e tristeza que comunicamos o falecimento de Rui Capão Andrade, sócio efectivo da nossa Associação.
A Direcção da Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras, em nome de todos os seus associados apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos pela partida deste nosso Associado.

Citamos, da mensagem emitida pela Direcção Nacional da Inter-Reformados /CGTP-IN, a qual Rui Capão também integrava:

«Rendemos sincera homenagem à memória de Rui Capão, relembrando os sólidos valores que o caracterizavam, a sua determinação, entrega e apego aos valores e conquistas de Abril, quer na sua vida pessoal, quer profissional.»

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Os Prémios do Património Cultural Europeu, anunciados esta terça-feira, consagraram o arqueólogo Cláudio Torres como “champion” (defensor ou paladino, em tradução portuguesa) do património.

O prémio ao fundador do Campo Arqueológico de Mértola foi um dos quatro que Portugal conseguiu na edição deste ano.

Breve apontamento biográfico:

Nascido em 1939. Fundador e Diretor do Campo Arqueológico de Mértola, do Museu de Mértola e da revista “Arqueologia Medieval”. Doutor “honoris causa” pela Universidade de Évora (2001). Prémio Pessoa 1991. Em 1993 foi investido pelo Presidente da República com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Desde 2006, membro do Concelho Consultivo do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (DGPC). Entre 1974 e 1986, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Entre 1986 e 1996, chefe da Divisão Sociocultural da Câmara Municipal de Mértola. Entre 1996 e 2002 (data da sua reforma), diretor do Parque Natural do Vale do Guadiana. Em 2001 Representante de Portugal no Comité do Património Mundial da UNESCO. Entre 1996 e 2007, Presidente da Comissão Nacional Portuguesa dos Monumentos e Sítios – ICOMOS. Entre 2004 e 2012, Coordenador Nacional da Rede Portuguesa da Fundação Anna Lindh. (in https://ceaacp.uc.pt/investigadores/claudio-torres/).

Com a devida vénia e pelo interesse e afecto manifesto do artigo de Luís Osório sobre o tema, reproduzimos o conteúdo do seu «Postal do Dia»:

O arqueólogo Cláudio Torres é um pássaro sem uma asa

1.
O arqueólogo Cláudio Torres recebeu mais um prémio internacional.

Defensor do património, guerrilheiro da memória, não desistente, corajoso… extremamente corajoso…, utópico.

Como se pode ser utópico tendo deixado de acreditar na utopia?

A partir de certa altura focamo-nos nos paradoxos, no que em nós é difícil de explicar, porventura será nisso que pensa quando, de mãos nos bolsos, passeia pelo seu campo arqueológico de Mértola; uma verdadeira cidade, um mundo que escavou para que pudéssemos melhor compreender o passado e não
nos escapasse a capacidade de sonhar.

2.
O pequeno Cláudio, nascido na Beira Alta entre montanhas e frio, desejava sair e conhecer o país e os países, compreender por que raio os pobres eram sempre pobres e os ricos sempre ricos, revoltou-se com o estado de coisas, tornou-se comunista.

Pagou com língua de palmo.

Na prisão.
Em torturas.
Em humilhações.

E a Manuela sempre presente, a sua única namorada, a pessoa que o viu jovem e idealista a esbracejar com o fascismo.

Que se orgulhou por saber que fugira da prisão num barquinho de recreio – os pides não davam nada pelos intelectuais, mas o Cláudio era valente, tinha no sangue o ar da serra, a dureza das casas e da ausência de futuro.

A Manuela que fugiu com ele para Paris.

Que viu a sua desilusão com o comunismo após uma visita à Roménia de Ceausescu.

Que regressou com ele a Portugal depois do 25 de Abril.

Que fez uma carreira brilhante como filóloga, decisiva na investigação e reconhecimento do mirandês como língua oficial.

A Manuela que depois da reforma de professora correu para o campo de Mértola por ser o país dos dois, a sua casa comum.

3.
A Manuela partiu o ano passado.

E o professor caminha agora todos os dias pelos campos arqueológicos de Mértola como se fosse um pássaro ferido, um pássaro desasado, pensativo e entre paradoxos, talvez um bocadinho perdido e na expetativa de um reencontro numa escavação final.

Cláudio Torres ganhou mais um prémio internacional. Conquistou muitos.

(O Prémio Pessoa, por exemplo)

É um dos melhores portugueses.

O único que inventou um país paralelo. Um país que fez nascer debaixo de Mértola.

Um país que é hoje visitado por gente de todo o mundo.

E por ele, todos os dias.

De mãos nos bolsos e à procura da Manuela que um dia reencontrará nos subterrâneos onde a vida acontece de outra maneira.

Que seja daqui a muitos anos, caro professor.

A Manuela não se importará de esperar e… aposto… por esta altura já deve estar bastante ocupada a estudar a língua que se fala num lugar impossível de encontrar em vida.

Mesmo que seja um grande arqueólogo a procurar.

LO

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No dia 26 de Janeiro de 2023, foi agraciado pela Presidência da República com a Comenda da Ordem de Mérito o Vice-Presidente e eminente colaborador da nossa Associação desde a primeira hora, Professor José Meco.

Esta distinção, a todos os títulos merecida e a que dirigimos o nosso claro aplauso, desde logo ao agraciado, não pode deixar de nos regozijar, enquanto associação cultural, por poder contar entre os seus associados com uma figura que, também assim, reforça o seu estatuto como figura da Cultura, com reconhecimento e estatuto institucionais.

Joaquim Boiça com José Meco, já Comendador, após a cerimónia
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A nossa associada Rosário Rodrigues faleceu. Uma amiga grande mas ternura, doce mas indómita, onde, sim, morava a utopia. A utopia lúcida, serena e inquebrantável. A utopia que nos faz falta e que nos alimenta. O futuro nela era sempre o momento presente. E o nosso Abril está hoje de luto. Saibamos celebrar e ser dignos do seu exemplo e que a sua memória nos inspire. (Jorge Castro)

Exemplo maior de activista, integrava também os Corpos Sociais da Associação 25 de Abril. Dela deixamos a nota de Vasco Lourenço, divulgada pela A25A, com a qual estamos solidários:

«A Associação 25 de Abril continua a ver partir alguns dos seus associados.

É com profundo desgosto que comunicamos o falecimento da Maria do Rosário Freitas Rodrigues, membro suplente da Direcção da A25A.

Isso torna-nos mais pobres, mas obriga-nos a reforçar os nossos esforços, para que a nossa Associação 25 de Abril continue na luta por manter Portugal com uma sociedade Livre, em Paz, mais Justa e Democrática.

Foi essa, desde há muitos anos, a luta permanente em que a Maria do Rosário se envolveu, numa extraordinária militância, pelos valores de Abril. É essa a promessa que lhe fazemos, no momento da sua partida.

Tendo uma intensa actividade no campo social, a Maria do Rosário nunca esmoreceu ou poupou esforços para, junto dos jovens, seu espaço preferido de intervenção, proclamar e pugnar pela actividade cívica, em prol do colectivo. “Temos de ajudar os jovens a abrir os olhos, a não se deixarem manipular, sendo fundamental incentivá-los à participação, na defesa dos seus interesses e valores”, foi um lema que sempre praticou, com alguns sucessos, que sempre a empolgaram.

Idealista, por vezes pouco realista quanto às nossas capacidades, nomeadamente no que se refere à obtenção de resultados, com a partida da Maria do Rosário, parte também alguma da utopia que tão necessária é para que o ser humano se realize e alcance a Felicidade.

Em nome da Associação 25 de Abril, quero manifestar o nosso reconhecimento à Maria do Rosário, pela sua entrega e a sua dádiva.

Bem hajas, cara Amiga!

Aos seus familiares, nomeadamente a sua filha Inês e aos seus irmãos Laura, Graça, Isabel, Carlos, José Eduardo, Teresa e João, tal como aos seus amigos, as nossas sinceras e profundas condolências e a nossa total solidariedade.

Até sempre, cara Rosário!

Um beijinho, grande e muito Amigo, de Abril

Vasco Lourenço

P. S.

O corpo da Maria do Rosário estará na igreja de Almada, a partir das 17.00 horas do dia 19 de Dezembro.

No dia 20, às 10.00 horas, depois de uma pequena cerimónia religiosa às 09.30 horas, o corpo partirá para o cemitério de Vale Flores, onde será cremado às 11.00 horas.»

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A MAPA e a Espaço e Memória celebraram, no passado dia 27 de Novembro, em Oeiras, Adriano Correia de Oliveira, pelas mãos e sentires de João Paulo Oliveira e Jorge Castro.
No auditório da Casa da Malta muito confortavelmente preenchido, teve, então, lugar mais essa homenagem… porque nunca serão demais. E tal como encerra o texto de Samuel Quedas que foi apresentado também nesta celebração, diremos: Que viva o Adriano! Sempre!

A pedido, aqui se publica o poema da autoria de Jorge Castro e dedicado a Adriano, com que foi encerrada a sessão:

ao Adriano

não sei cantar para ti como cantaste
numa noite coimbrã de fogo aceso
corações eles foram tantos os que tocaste
tal o meu também voando estando preso

vens de um tempo de afrontas sufocadas
de grilhões prendendo mãos e pensamento
nesse tempo em que ao som de guitarradas
descobrimos ser tão livres como o vento

era um tempo de combate e as duras pedras
já cantavam na tão velha escadaria
era negra-negra a noite e as capas negras
mas em cada olhar a esperança renascia

na denúncia do algoz soltando amarras
como arauto no combate à força bruta
a tua voz na plangência das guitarras
ia unindo a alma e o corpo à mesma luta

era de Maio a cor que então cantavas
ou de Abril naquele Inverno descontente
e o calor de rubras flores com que voavas
era o azul de um novo céu de nova gente

eram cores e sons de Abril que já trazias
num assombro de poesias perturbadas
e cantavas naus giestas e alegrias
que fazias ser em nós gume de espadas

à razão deste voz que não se guarda
pressentindo um pulsar que se inquieta
foste o canto a arma e a mão que não se atarda
o percurso firme e tenso de uma seta

ao canto deste a vida e foste esperança
conjugaste em tom diverso o verbo dar
e adivinho o Adriano na criança
que ali corre vida fora junto ao mar

porque somos apenas de terra e barro
já partiste irmão maior mas entretanto
se nas cinzas se amortalha o teu cigarro
fica em nós presente o grito do teu canto.

  • Jorge Castro
    (Fotografias de Lourdes Calmeiro)
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Numa parceria entre a MAPA – Associação Cultural e a Espaço e Memória – Associação Cultural de Oeiras, No ano em que passam 40 anos sobre a sua morte e 80 sobre o seu nascimento, realizaremos uma sessão evocativa e de homenagem a Adriano Correia de Oliveira.

Esta sessão terá lugar na nossa sede (Rua dos Lagares da Quinta – Casa da Malta, em Oeiras), no próximo dia 27 de Novembro (domingo), com início às 17 horas, e contará com a presença de João Paulo Oliveira (canto) e Jorge Castro (poesia).

(Porto, 9 de abril de 1942 — Avintes, 16 de outubro de 1982)

Biografia de Adriano Correia de Oliveira (in https://pt.wikipedia.org/wiki/Adriano_Correia_de_Oliveira)

Biografia
Filho de Joaquim Gomes de Oliveira e da sua mulher, Laura Correia, Adriano mudou-se para Avintes ainda com poucos meses de vida. Criado numa família profundamente católica, a infância de Adriano Correia de Oliveira é marcada pelo ambiente que descreverá mais tarde como «marcadamente rural, entre videiras, cães domésticos e belas alamedas arborizadas com vista para o rio [Douro]».

Após concluir os estudos secundários, no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, Adriano Correia de Oliveira matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. Durante os anos passados em Coimbra, tem uma intensíssima participação no meio cultural e desportivo ligado à academia. Viveu na Real República Ras-Teparta, foi solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, ator no CITAC, guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa.

Na década de 1960 adere ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 62, contra o salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo MUD.

Data de 1963 o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato, o álbum continha a interpretação de Trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornaria uma espécie de hino da resistência dos estudantes à ditadura. Em 1967 gravou o álbum Adriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com lágrimas.

Em 1966 casa-se com Maria Matilde de Lemos de Figueiredo Leite, filha do médico António Manuel Vieira de Figueiredo Leite (Coimbra, Taveiro, 11 de outubro de 1917 – Coimbra, 22 de março de 2000) e da sua mulher Maria Margarida de Seixas Nogueira de Lemos (Salsete, São Tomé, 13 de junho de 1923), depois casada com Carlos Acosta. O casal, que mais tarde se separaria, veio a ter dois filhos: Isabel, nascida em 1967 e José Manuel, nascido em 1971.

Chamado a cumprir o Serviço Militar, em 1967, Adriano Correia de Oliveira ficaria a uma disciplina de se formar em Direito. Ainda em 1969 vê editado o álbum O Canto e as Armas, revelando, de novo, vários poemas de Manuel Alegre. Pela sua obra recebe, no mesmo ano, o Prémio Pozal Domingues. Lança Cantaremos, em 1970, e Gente d’aqui e de agora, em 1971, este último com o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, e composição de José Niza.

Em 1970, já licenciado da tropa, decide trocar Coimbra por Lisboa, e vai exercer funções no Gabinete de Imprensa da FIL – Feira Industrial de Lisboa, até 1974. Em 1973 lança Fados de Coimbra, em disco, e funda a Editora Edicta, com Carlos Vargas, para se tornar produtor na Orfeu, em 1974.

Com a Revolução dos Cravos, Adriano Correia de Oliveira está entre os fundadores da Cooperativa Cantabril. Em liberdade, esteve envolvido na organização de centenas de iniciativas do PCP em todo o país, nas quais tocou. Integra o Comité Organizador da Festa do Avante! do PCP desde a primeira edição, ao qual pertenceria até à sua morte.[1]

Em 1975 lança Que nunca mais, onde se inclui o tema Tejo que levas as águas. A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Em 1980 lançaria o seu último álbum, Cantigas Portuguesas, ingressando no ano seguinte na Cooperativa Era Nova, em rutura com a Cantabril.

Vítima de uma hemorragia esofágica, morreu na quinta da família, em Avintes, nos braços da sua mãe.

Reconhecimento
A 24 de setembro de 1983 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e a 24 de abril de 1994 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, ambas as condecorações a título póstumo.[2]

Lisboa, Avintes, Charneca da Caparica, Vila Nova de Gaia, Samora Correia, Almada, Barreiro, Grândola, Montijo e Fânzeres (concelho de Gondomar) são algumas das localidades portuguesas em que o seu nome faz parte da toponímia. [3]

Discografia:

Álbuns
1967 – Adriano Correia de Oliveira (LP, Orfeu, XYZ 104)
1969 – O Canto e as Armas (LP, Orfeu, STAT 003)
1970 – Cantaremos (LP, Orfeu, STAT 007)
1971 – Gente de aqui e de agora – LP STAT 010)
1975 – Que nunca mais (LP, Orfeu, STAT 033)
1980 – Cantigas Portuguesas (LP, Orfeu, STAT 067)
Compilações
1973 – Fados de Coimbra
1982 – Memória de Adriano
1994 – Fados e baladas de Coimbra
1994 – Obra Completa
1995 – O Melhor dos Melhores
2001 – Vinte Anos de Canções (1960-1980)
2007 – Obra Completa
Singles e EP
Noite de Coimbra (EP, Orfeu, 1960) [Fado da Mentira/Balada dos Sinos/Canta Coração/Chula] Atep 6025
Balada do Estudante (EP, 1961) [Fado da Promessa/Fado dos Olhos Claros/Contemplação/Balada do Estudante] Atep 6033
Fados de Coimbra (EP, 1961) [Canção dos Fornos/Balada da Esperança/Trova do Amor Lusíada/Fado do Fim do Ano] Atep 6035
Fados de Coimbra (EP, 1962) [Minha Mãe/Prece/Senhora, Partem Tão Tristes/Desengano] Atep 6077
Trova do vento que Passa (EP, 1963) [Trova do Vento que Passa/Pensamento/Capa Negra, Rosa Negra/Trova do Amor Lusíada] Atep 6097
Adriano Correia de Oliveira (EP, 1964) [Lira/Canção da Beira Baixa/Charama/Para que Quero Eu Olhos] Atep 6274
Menina dos Olhos Tristes (EP, 1964) [Menina dos Olhos Tristes/Erguem-se Muros/Canção com Lágrimas/Canção do Soldado] Atep 6275
Elegia (EP, 1967) [Elegia/Barcas Novas/Pátria/Pescador do Rio Triste] Atep 6175
Adriano Correia de Oliveira (EP, 1968) [Para que Quero Eu Olhos/Canção da Terceira/Sou Barco/Exílio] Atep 6197
Rosa de Sangue (EP, Orfeu, 1968) Atep 6237
Cantar de Emigração (EP, Orfeu, 1971) Atep 6400
Trova do Vento Que Passa n.º2 (EP, Orfeu, 1971) Atep 6374
Lágrima de Preta (EP, Orfeu, 1972) Atep 6434
Batalha de Alcácer-Quibir (EP, Orfeu, 1972) Atep 6457
O Senhor Morgado (EP, Orfeu, 1973) Atep 6542
A Vila de Alvito (EP, Orfeu, 1974) Atep 6588
Para Rosalía (EP, Orfeu, 1976) Atep 6604
Notícias de Abril (Single, Orfeu, 1978) [Se Vossa Excelência…/Em Trás-os-Montes à Tarde] KSAT 633

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