Autora: Fátima Camilo
Cá me vou acantonando
vendo os dias a passar
do quarto para a cozinha
e para a sala de jantar
dou um salto à varanda
ver o que é preciso regar
passo pelo WC
também tenho de aliviar
fico depois no escritório
porque estou a trabalhar
quando chega o fim do dia
lá vou eu desinfectar
puxadores e maçanetas
e o que mais possa tocar
mais a roupa para a máquina
que não pára de lavar
chega a hora das notícias
nada de bom a registar
valha-nos a música grátis
que a TV está a passar
o teatro e bons momentos
é a net a disponbilizar
e com toda esta azáfama
está a noite a chegar
isto é mesmo um sufoco
até já me falta o ar
e passou-se mais um dia
fiquem bem, vou-me deitar!
– Fátima Camilo, em 29-03-2020
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Autor: Eduardo Martins
Boa tarde,
Faz hoje, segunda feira 30 de Março, (de 2020…) uma semana que não ponho o pé na rua… e nessa
altura foi para ir à farmácia comprar os remédios “vitalícios”, a que me sinto
obrigado desde 2016… Enfarte “oblige”…
Entre outras actividades mais prosaicas, tenho lido, dormido, comido,
bebido… feito uns jogos no computador, e ontem, Domingo 29 de Março, por acaso, vi na TV duas coisas
interessantes, por motivos diferentes:
Na RTP3, pelas 13 h, um episódio de “História a História”, em que o Fernando
Rosas, falava sobre a “Pneumónica”. Achei curioso comparar o que aconteceu em
1918, com a situação actual, a mais de um século de distância…
Na TVI, pelas 15 h, a gravação dos Concertos de 2016, que o António
Zambujo e o Miguel Araújo, deram em 28 sessões nos Coliseus de Lisboa e Porto…
Eu por acaso, tive a sorte de assistir ao 2º Concerto no Coliseu de
Lisboa, ainda não se sabia quantos ia haver…
Depois de (re)ver o Concerto, na televisão, lembrei-me que na ocasião
tinha escrito um coisita alusiva, que fui procurar… e que pelos vistos
esteve a aboborar durante alguns meses. Não tenho a certeza se na altura foi
alguma vez publicada… Aqui vai ela, portanto, agora
destinada à “Quarentena Assintomática” que a EMACO vai “blogando”.
Mas já agora, se tiverem
oportunidade, se quiserem saber mais sobre a “Pneumónica” ouse gostarem de
“ouver” os “UJOS”, ponham as “boxes” a fazer marcha atrás, e vejam aqueles
programas, , para ajudar a passar o tempo, oh Enclausurados do Vírus…
OS
“UJOS”
O António,
que é Zambujo,
e o Miguel,
que é Araújo,
pegaram nos
talentos
que são seus,
e ala! para
os Coliseus!
Ali passaram
bons momentos,
com pessoas
que aos milhares,
encheram
todos os lugares,
ouviram
conversas e escutaram canções,
(até do Max,
a “Rosinha dos Limões”!)
E estes
concertos, tipo conversa informal,
mas muito
profissional,
somaram muito
mais que dezassete,
sempre com o
“Pica do Sete”,
e mais outras
“Romarias”,
tantas
trauteadas melodias…
e
“Recantigas”,
umas mais
novas,
outras mais
antigas…
Até “Baladas Astrais”!
E as
“Outras…” que são de mais,
com os seus
“Maridos…”,
sempre,
sempre, muito queridos…
menos naquele
instante,
em que
apanhados em “Flagrante”,
vão porta
fora de “Lambreta”,
que elas já não suportam tanta peta…
E assim
voaram duas horas,
nas “Portas
de Santo Antão”
entre palmas
sem demoras,
no fim de
cada canção,
e sempre a
chorar por mais,
“Só mais uma!
Só mais uma, vá lá…
Porque para
vocês, oh pá!!!
não há mesmo, mesmo pais!!!”…
Eduardo Martins
Iniciado
após o Concerto de 18 de Fevereiro de 2016,
Completado
a 6 de Outubro de 2016.
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Autor: José Gabriel Duarte
ERA UMA VEZ…
Era uma vez um assassino invisível que passeava pelo Mundo, espalhando o medo e assassinando gente sem olhar a Países, raças, culturas, religiões ou classes sociais.
Mas esse assassino ao mesmo tempo que ia encontrando pela frente guerreiros quase sem armas que lutavam nas frentes de batalha tentando salvar vidas, desconhecia que outros soldados na rectaguarda tentavam desesperadamente inventar uma nova arma capaz de o rechaçar.
O Mundo apesar de ir ficando cada vez mais doente foi resistindo durante
meses, até que a tal arma foi inventada. O assassino começou então a
enfraquecer até que foi feito prisioneiro.
Ficavam para a história desse período o elevado número de assassinados, os danos sociais e materiais que a doença provocou, e acima de tudo a glória dos desconhecidos e bravos heróis que honrosamente o defenderam, muitos deles dando a própria vida.
José Gabriel Duarte, em 29-03-2020
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Autora: Ana Gaspar
Olá!
Eu sou a Ana Maria Gaspar, vivo em Oeiras, mas nesta altura fugi de Oeiras.
Tenho uma casa numa aldeia no sopé da serra de Montejunto e resolvi vir para
cá. Além de ter aqui a viver a família chegada, estou muito menos presa do que
se estivesse em Oeiras. Aqui da minha janela vejo a serra de Montejunto e um
terreno grande livre de casas e de gente onde os meus olhos não se sentem tão
presos como se estivesse no apartamento de Oeiras. Lamento, queridos amigos
oeirenses.
Estou
em teletrabalho e vou uma vez por semana ao meu serviço em Lisboa. Fizemos uma
escala de trabalho onde cada um de nós se desloca apenas uma vez por semana. A
mim calhou-me a segunda-feira.
Teria
tempo para limpar as flores de ervas daninhas e até de semear e plantar flores,
legumes e o mais que fosse, não fora um problema nas articulações do joelho
direito que me impede de andar durante algum tempo sem que tenha dores. Até já
tinha marcado uma infiltração no joelho numa clínica da CUF que,
compreensivelmente, desmarcou e voltou a desmarcar o acto clínico.
Poderia
estar melhor, mas há coisas bem piores.
Agora
bom, bom é saber que no piso de baixo tenho a família que me pode apoiar e
também que o meu cão, o Caramelo, de quase 8 meses se porta agora muito melhor,
apesar de continuar a fazer as traquinices próprias de um jovem animal. Agora
tem a dona só para ele durante todo o dia e parece outro cão, menos irrequieto
e sem necessidade de fazer disparates para chamar a minha atenção, sempre que
chegava a casa depois de tantas horas sozinho.
Por
isso, posso dizer-vos que estou a apreciar esta nova situação e, posso
dizer-vos, que nunca falei/escrevi tanto a tanta gente para saber como cada um
está. E todos estão bem, o que é formidável. Espero que vocês também.
Um
grande abraço e até um destes dias.
Ana
PS –
E faço a proposta à EMACO para – quando for possível – virmos visitar o que
resta da Real Fábrica de Gelo, criada por alvará de D. José, precisamente na
serra de Montejunto e que abastecia a corte e a cidade de Lisboa.
– Ana Gaspar, em 29-03-2020
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Autora: Maria Lúcia Saraiva
Era uma vez uma Menina
Nem todos os princípios de vida são fáceis e felizes para alguns…
Vou contar uma história começando da forma tradicional:
Era uma vez, uma menina, simplesmente uma menina, com muitos sonhos; muito
sensível, uma sonhadora que se sentia muito só, com fantasmas, (próprios da
idade), apesar de viver numa numerosa Família…
O seu rosto era marcado por uns olhos negros brilhantes, um nariz
arrebitado e perfeito e uma boca bem delineada que poderia expandir-se em
sorrisos, mas não, a sua expressividade era de tristeza.
Quando ela ia passar férias na casa de campo, pediu a um dos empregados para lhe fazer um baloiço no imbondeiro, junto ao rio, e aquele lugar, passou a ser o seu refúgio, pensava no «Zezé – do livro Meu Pé de Laranja Lima» -, aquela gigantesca árvore passaria a ser a sua confidente e falava com ela sobre os seus medos e anseios e perguntava-lhe o que fazer, para os ultrapassar, e a resposta vinha nos cânticos e chilreios bem animados da passarada.
Cresceu, fez-se mulher de trato simples, muito meiga e tímida, talvez por
isso, todos gostavam dela.
Não precisava de muitos enfeites, para dar nas vistas, porque ela exibia
uma postura corporal e uma beleza peculiar.
A sua infância fora de aprendizagem imposta, teve que se dedicar aos bordados, à costura, ao tricot, ao crochet, aos tachos, a arrumação de uma casa e a mesa de refeições tinha que ser posta com todo o rigor e requinte, ainda que fosse a comida mais simples. Uma verdadeira «Dona de Casa».
O seu olhar era triste e já carregava alguma dor de histórias da sua
infância mal resolvidas ou impróprias para a sua tenra idade. Ainda assim o seu
propósito não se alterou e manteve a determinação em realizar os seus sonhos.
Nas noites carregadas de nuvens negras ela pintava as estrelas no céu,
preenchia assim os seus vazios, e afastava as suas inseguranças, que eram
muitas, não sabia ainda ao certo como delinear o seu futuro, nos seus verdes
anos.
Na sua infância nunca podia ler à noite, porque não a deixavam, não havia
luz eléctrica e havia o adormecer obrigatório, no dia seguinte todos
acordávamos cedo para irmos para a Escola e Liceu que ficavam longe de casa. Mesmo
assim às escondidas acendia o candeeiro de petróleo e ia para a casa de banho
ler, pois ficava longe do quarto dos pais….e quantas noites fez isso. Dormia
pouco, mas feliz.
Um dia casou, estava enamorada, mas não apaixonada, nem sabia o que era o
amor. Pensava que o amor se construía. Eu acredito que sim, quando o casal é
cúmplice do mesmo desejo. O facto é que esse casamento não resultou, teve dois
filhos, os seus diamantes.
Muito aturou e sofreu, muitas lágrimas verteu, mas deu a ambos boas
ferramentas para se imporem no mundo do trabalho e sente-se orgulhosa, com o
sucesso dos seus filhos.
Começou a conhecer-se melhor e a questionar-se qual seria o seu papel neste
mundo, e o que pensou de certo modo tem vindo a concretizar-se.
Com esse estar assim se impôs no mundo do trabalho sempre bem sucedida.
Numa das noites de insónia alguém lhe sussurrou, substitui as dores em alegria,
em sorrisos e logo se apressou a mudar de atitude, rapidamente alcançou os seus
objectivos.
Então veio a magia presa a um temporal aterrorizador, as árvores gemiam
fustigadas pelo vento, levantou-se pegou numa caneta e papel e escreveu sobre o
pânico que a assombrava e conseguiu superar o medo que a afrontava e assim o
seu maior sonho começou…
Maria Lúcia Saraiva – 2020-03-27
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